sábado, 12 de novembro de 2022

O DUPLO

chega de saudade

me de a mão que eu te dou meu coração

e não mais se sinta sozinho

pode ser que o caminho

te ajude a voltar!

hoje o dia amanheceu

diferente do óbvio

o café tava quente

mas a mão não

não fazia frio

nem calor

pois não havia sol

era como se só os relógios soubesse

que hora são

quando abri o jornal

descobri

dia da saudade

não havia sentido nas coisas pra mim

pois nada era meu

me sentei no sofá

mas que estranho

nunca tive um

ao ligar a tv

era óbvio

nunca tive TV

decidi então fazer um bolo

não havia pó

fui abrir a janela

e percebi

era tudo um breu

de repente uma mão

um aceno

parecia real

tinha forma suor e historia

era mesmo uma mão

estendi a minha 

e foi como se eu tocasse o céu




sexta-feira, 11 de novembro de 2022

MONET QUÂNTICO

 somos como um quadro de Monet

quanto mais perto, mais RISCOS

agora inauguro um novo movimento

o MONET QUÂNTICO

riscos tão pequenos, sejam eles desenhados ou assumidos

que dançam livremente, sem respeitar o abismo!

embora pequeno, você não cabe no universo

porque você é o MENTOR DELE...

e também, neste movimento, mudarei o nome

de MONET QUÂNTICO para MONET CÔNTIGO

na escala quântica só existe risco se você não os entende

se você os entendem

deixam de ser riscos

e viram

CONSTRUÇÃO

DEUS

 Deus,

Meus 40 anos de deserto

Excursionaram entre lojas, prédios e chão.

Não vi areia sob meus pés

Muito menos

Alguma mão...

Mesmo que o povo fosse meu

Não os teria

Porque a mim

Nunca veio

Sempre foi

Deus

Por que você flutuou longe do meu caminhar?

Você sabia que suor se sente, não se pensa?

Você sabia que o sol queima?

Você sabia que a água falta?

Deus

40 anos

Mas, 12 dias depois

Como um feriado moderno

Um presente me desenha criança.

Não em outubro

Não em apóstolos

Não foi fortuito

Quão menos bucólico

Foi pedaço seu que caiu na terra

E que ganhou forma...

Sorte a minha não tê-lo perto, Deus...

Porque não saberia diferenciar

E aí, Deus

Imagina

A criação

Ser maior

Que o criador

Pra onde eu iria

Senão com ela?

Não foi costela

Foi você

Que demorou

Mas

Enfim

Tocou!

 

 

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

o conto do saci

 um dia eu vi um saci aleijado 

ele tinha duas pernas

ele sofria pois não era como os outros sacis...

inclusive, na bolha saciana, diziam que ele tinha uma vida fácil...já que podia andar!

era um saci muito peralta

e também muito faceiro

um dia ele perdeu o cachimbo...

quem achou foi o curupira

saci e curupira eram grandes amigos

mas tinham dificuldades em se encontrar

ambos estavam sempre em direções opostas.

às vezes a gente se comporta como um saci

mesmo tendo duas pernas, se sente isolado por não ser igual aos outros...

às vezes a gente insiste em se relacionar com curupiras

são aqueles que o tempo todo estão em caminho contrário ao nosso...

um dia eu vi um saci aleijado

no espelho

domingo, 30 de outubro de 2022

Imagine o dia!

 

Imagine o dia!

Eu no lado

Da fotografia

E aí, tanto faz!

A velhice é como a insônia:

A gente deita e quem dorme e cama...

daí, em todos os dias levanto cansado!

Imagine o dia!

Que eu pudesse fazer o juramento de Wilde...

E assim como Dorian Gray...

Ser eternamente jovem!

Imagina o dia!

Poder olhar pra frente

E ainda ver dia!

Há muito me demiti de ser pessoa...

eu tive a sorte de nascer extremamente ansioso e,

com isso,

tem a pressa de viver tudo ... na forma mais orgânica possível.

Odiaria deixar uma impressão às pessoas que nunca me importei com o momento que estive com elas!

mas agora, por fim, parafraseio Goethe:

"amores, amizades, ressurgis do olvido como um conto meio extinto" 

 

sábado, 22 de outubro de 2022

quanto tempo dura 1 ano

 "caminhos e portas abertas

levam sempre ao mesmo lugar

afinal, nessa estrada, ir é voltar!"


é só mais um passo...

afinal...

ir é sempre voltar!



domingo, 16 de outubro de 2022

nem da dor eu sei

meu corpo dói

do início ao fim

dói

é como se cada átomo meu fosse uma agulha

dançando na carne

me sinto como se pisasse em ouriços

como se respirasse fagulhas

como se minhas mãos estivessem em constante contato com o vazio!

e o vazio despele a pele...

eu ando como se a qualquer momento fosse colapsar

não vejo condições de cura

porque essa dor não tem nome...



sábado, 15 de outubro de 2022

embora eu não vá embora

 gosto de ler para saber o que dizer quando vou embora...

gosto de ir embora

embora

goste de ficar...

fincar e ficar 

destoam entre si o N

de Não

Não sei dizer Não

embora tenha dito

duas vezes

eu falo demais

me sinto ustular

mangrei por anos

não medi o tempo

não plantei

não colhi

percebemos o espaço com nossos sentidos

porém

que sentido temos para medir o tempo?

usamos espelhos...

e se não os tivéssemos,

envelheceríamos?

gosto cada vez menos das coisas

sorte que as coisas também não gostam de mim

e não gostarmo-nos faz com que

nos gostemos

cada vez mais

ambos seguimos

cada um pra um lado

cada lado é lastro

a maioria das coisas que tenho

eu não quis

foi como o farfalhar das folhas

diante o vento

cansamos de sofisma

o mundo é inundo, imundo

e não é mundo

é lassidão

o mundo é inundo, imundo

e não é mundo

lá se via

vê mais não!



sexta-feira, 14 de outubro de 2022

ele tinha um nome, mas não me lembro bem!!

 quando eu era criança

tinha um pássaro de estimação

ele era preto e branco e cantava todas as manhã

Ele tinha um nome, mas não me lembro bem!

depois foi um cachorro

ele era marrom e baixinho

e muito arteiro

Ele tinha um nome, mas não me lembro bem!

eu ia em uma igreja

com vidrais cujos desenhos reproduziam 

a via crucis de jesus

Ela tinha um nome, mas não me lembro bem!

eu estudei em uma escola

ela tinha uma quadra

onde eu jogava bola

Ela tinha um nome, mas não me lembro bem!

eu morava numa rua

minha casa era alta

tinha 3 andares

Ela tinha um nome, mas não me lembro bem!

nossas brincadeiras eram estranhas

eu costumava não entender

porque nunca tinha visto nada daquilo

Elas tinham um nome, mas não me lembro bem!

eu gostava de uma moça

cabelo encaracolado

e olhos verdes

Ela tinha um nome, mas não me lembro bem!

depois me mudei para um bairro

cujas ruas eram de barro

eu corria livre

Ele tinha um nome, mas não me lembro bem!

eu tinha um amigo

que estudava comigo

numa escola cuja escada para acesso tinha 300 degraus

Ele tinha um nome, mas não me lembro bem!

minha mãe tinha um brinquedo prateado

ela gostava dele como gosta de cigarro

um dia ela me mostrou

Ele tinha um nome, mas não me lembro bem!


é muito engraçado a gente não conseguir lembrar daquilo que a gente lembra perfeitamente!




PERSONA

 E das sombras vem nossos escudos 

Tão escusos ao olhar 

Tanto olhar, poucos planos

Um segundo e nenhum lugar 

Nos vestimos dos nossos instintos

Persona nascer

Quem sou eu no espelho?

E o que há em mim que é você?

Nesse mundo de causa e efeito

Sou o que encontrar 

Mesmo quando não me reconheço 

Sou aquele em qualquer lugar

Tanta faces expostas ao tempo

Tanto eu ou você 

E então eu me olho e te vejo 

Minha fonte que há de melhor e pior

Um mar de condutas

O que satisfaz?

O ódio que assusta

O corpo que trai 

A vida que segue e

ninguém quer saber

Agora o que sou 

habita você 

Percorrem o medo

E a recordação 

Com olhos abertos

Me acho no chão

São partes ocultas 

do mesmo lugar 

Avançam as horas,

ninguém quer falar!

Os traços, percebam

Se juntam ao ser

O lar de segredos

Revelam quem é

São tantas personas

Que ao colapsar

Restauram indivíduos

Resignificar

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

a volta da volta que volta

 essa semana circulou o texto de Penrose (físico inglês orientador de Hawking) conjecturando que o big ban nao é inicio, mas um retorno...um inicio de um fim...pra quem nao lembra, Penrose é o personagem que recebe o exercício todo amassado de Hawking no filme...rs...bom, o big ban e o big crunch sempre foi algo excursionado na física...Penrose usou o nome (ele é nobel, eu ignóbil) / título pra trazer algo que era o mundo das ideias ao mundo da realidade...algo que é até simples, tá? à medida que o tempo passa, o universo expande e, com isso, a temperatura diminui...a gravidade vence e colapsa...rsss...fim e o início...é como se o universo fosse algo eterno...pra sempre...é uma conversa bem interessante porque responde coisas como: o que ocorria antes? antes era o colapso...depois o avante...nunca explosão, tá?


pois bem...um filósofo ja tinha pensado nisso no século XIX...chamou de eterno retorno...o tempo como pensamos, que é o tempo newtoniano, nada mais é que o humano querendo dar data àquilo que passa frente a ele...o tempo não existe, como diz Thamas Mann em A montanha mágica...o tempo é só um nome...tudo ocorre em nosso redor...sem se importar conosco...lembre disso quando se despedir de quem gosta...talvez seja o único ente que se importa com você!