sexta-feira, 21 de julho de 2023

meu telhado

a chuva toca a madrugada

ansiosa quando molha minha mão

hoje faz sessenta dias

que eu queimei o seu nome

é divertido não ter mais algum abrigo

pois o passo agora é só o meu

e todo o mundo envolta se transforma

como se eu...fosse eu

eu acho que então cresci

ao mesmo tempo que envelheci

mas ao me ver no espelho

há um orgulho que nunca senti...

não tenho medo de fantasma, não mais...

nem mesmo medo dos meus sonhos tão ardis...

e gosto de estar em pé

com minhas pernas que nasci...

e digo rindo que estou

levemente feliz...

e realmente não me sinto sozinho

tenho meus dedos...meus ouvidos meu nariz...

e tenho tudo isso aqui...bem perto de mim...

e lembra todo aquele medo?

sei lá...o que virou...

não ... eu não sinto mesmo...

é como se eu esquecesse o que é a dor...

agora faz sessenta dias

que não gritamos ou brigamos entre si...

uma vitória para nós

mesmo que nós de hoje em diante seja só o mim...

e a mim a morte não veio...

porque minha morte morro eu1

2 comentários:

  1. Ainda que em outro contexto, lembrei de Fernando Pessoa que escreveu "Que a morte me desmembre em outro, e eu fique..." Tem gente que escreve fratura exposta, você, nesse momento, foi de cura exposta.

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